quarta-feira, 3 de maio de 2017

Um pouco de Brecht e Drummond para dialogar com os dias atuais

Katharine Ninive Pinto Silva
3 de maio de 2017


Atrocidade, de acordo com o dicionário, é sinônimo de crueldade, truculência, barbaridade! Designações dos atos cometidos por uma governança fascista, misógina, homofóbica e, sobretudo, escravocrata, conservadora, corrupta e burra. 

Na cidade e no campo, o braço armado dessa governança sai cometendo a violência física, não importando o gênero, a idade e mesmo o local desses atos. O que antes acontecia apenas na favela, desce para o calçadão de Fortaleza e se revela através de um tapa na cara de uma senhora que foi reclamar de algum roubo sofrido, ou coisa do tipo. O que antes acontecia só nos morros, hoje vai para o centro do Rio de Janeiro para dispersar através de bombas e tiros os manifestantes antes mesmo da manifestação acontecer. E vale tudo: desde tiro no pescoço de bibliotecária até bomba atirada diretamente em deputado da esquerda que está pedindo trégua no meio do palco. Parece que o braço armado desse governo que aí está, pensa que do pescoço pra cima é canela e só mira no meio da cara. Não importa se o atingido é um estudante mascarado cuja cara é quebrada por um capitão e seu cassetete ou se é uma adolescente de 14 anos, baleada na boca em uma ação ilegal de reintegração de posse em uma ocupação. 

Mas o braço ideológico dessa governança, que hoje tem a mídia como principal veículo (além de uma parte das Igrejas), utiliza violência simbólica, mas também violência física e explícita para garantir a hegemonia dos proprietários dos meios de produção. Elas hoje se mesclam de forma cada vez mais tosca, grosseira, vulgar. Como o que aconteceu nos últimos dias em um programa de televisão: em um dia o apresentador chutou a assistente de palco na nuca (ela estava dentro de uma caixa de papelão) e ameaçou de demissão por ela não ter levado na esportiva e ter saído do palco chorando. Em outro dia, e da mesma forma tosca, esse apresentador entrevistou o Presidente ilegítimo que, por sua vez, verbalizou uma das maiores sandices da história do Brasil: "Governos precisam ter maridos, daí não quebram".

Pense!!

Bertolt Brecht, em Dificuldade de Governar perguntou: "Governar só é assim tão difícil porque a exploração e a mentira são coisas que custam a aprender?" 

Só sendo assim!

Enquanto isso, como escreveu Carlos Drummond de Andrade:

"O poeta municipal
discute com o poeta estadual
qual deles é capaz de bater o poeta federal.

Enquanto isso o poeta federal
tira outro do nariz."



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